A experiência da vida humana, pela perspectiva de uma viagem de trem, é uma jornada sem destino. Sabemos a hora e local do embarque, mas não temos qualquer controle sobre quando desceremos do trem.
Pode ser breve, pode demorar. O que faremos até lá? O MAESTRICK foi formado em São José do Rio Preto em 2006.
Desde o início seu objetivo, musicalmente, foi mesclar rock progressivo e heavy metal. Suas influências na época eram bandas como Queen, Rush, Yes, Jethro Tull, Iron Maiden, Metallica, Pantera, entre outros.
Além das referências musicais, eles foram muito influenciados por outros movimentos artísticos como o surrealismo (especialmente pelo trabalho de Tim Burton) e outras linguagens artísticas, como cinema, pintura, literatura, dança e artes cênicas.
“Unpuzzle”, o disco de estreia, saiu em 2011 e foi excepcionalmente bem recebido pela imprensa brasileira.
Com o lançamento na Europa, Estados Unidos e Ásia pela Prog Power Records, o álbum também chegou à imprensa internacional e conquistou os críticos, recebendo declarações como “Obra de Mestre” (Stormbringer – Alemanha), “Fascinante” (Metal Temple – Grécia) e “Único” (Lady Obscure – EUA).
Após a turnê em divulgação a “Unpuzzle” que passou por vários estados do Brasil, incluindo shows inesquecíveis nos festivais Roça ‘N’ Roll em Varginha/MG, ProgFest II em Lima/Peru e
La Plata Prog em La Plata/Argentina, o Maestrick decidiu prestar uma homenagem às bandas que mais os influenciaram.
O resultado foi o EP “The Trick Side Of Some Songs” que incluiu novas versões para clássicos dos Beatles, Yes, Pink Floyd, Queen, Rainbow e Jethro Tull.
De volta para o presente, o Maestrick anunciou sua mais ousada criação artística até aqui: os álbuns “Espresso Della Vita: Solare” e “Espresso Della Vita: Lunare”.
Obras conceituais complementares, os trabalhos sugerem uma observação da vida humana como “se fosse uma viagem de trem”, explica o vocalista Fabio Caldeira.
“Quando partimos, começamos um novo ciclo de aprendizado, é quando conhecemos pessoas, coisas, sentimentos e paisagens. Testemunhamos o embarque de novos passageiros, assim como o desembarque de outros, às vezes amados, até que um dia é hora de nosso próprio desembarque – e a continuidade do aprendizado, fora de lá. Tudo vai se passar num período de um dia, com o primeiro álbum, “Solare”, que terá 12 músicas representando as 12 horas do dia.
O segundo será chamado “Lunare” e também terá 12 músicas representando 12 horas da noite”. O grupo então apresenta agora a primeira parte, “Espresso Della Vita: Solare”.
O disco foi gravado no Rush Studios e também no Blue Note Studios, ambos no interior de São Paulo. A produção foi feita em Los Angeles, nos Estados Unidos, e traz a assinatura do renomado
Adair Daufembach (Project46, Jhon Wayne, Hangar, Tony MacAlpine, etc).
“Espresso Della Vita: Solare” é um trabalho não convencional, arrojado, intrinsicamente complexo, e parte importante dessa musicalidade nasceu através das participações especiais.
As orquestrações do álbum ganharam atenção especial nesse sentido. Ao todo, 23 músicos diferentes participaram das gravações de instrumentos e corais que dão forma as partes sinfônicas do álbum. Em “Hijos de La Tierra” – música baseada no cultivo do amor à natureza e respeito às Américas – participam outros sete músicos de quatro países das Américas do Norte e do Sul, entre eles a cantora Cinthia Santibañes do Crisalida.
O grupo também não fugiu à regra quando decidiu explorar timbres de instrumentos inusitados no metal ou mesmo no rock progressivo, como é o caso do banjo, do dobro e do ukulele, e para isso convidaram Rodrigo Pimentel e Leonardo Almeida. Destaque ainda para a participação do percussionista Fernando Freitas, professor do Projeto Guri.
Ao contrário das práticas mercantilistas que priorizam convidados de apelo popular com o objetivo de agregar valor comercial ao álbum, o Maestrick prioriza o valor simbólico e subjetivo de sua música, de forma que todos os convidados do álbum têm necessariamente alguma relação pessoal com os músicos da banda.
O caso mais fiel é a participação de Dona Rose, avó de Fabio Caldeira. Dona Rose canta um trecho da música “Penitência”, com letras em português e uma das mais pesadas do álbum, repleta de elementos da música brasileira.
Outra participação muito especial no disco é a do próprio produtor Adair Daufembach, responsável por gravar todas as guitarras do álbum. “Eles precisavam de um guitarrista para gravar o álbum e eu me ofereci”, lembra Daufembach. “Várias vezes durante a produção a lágrima veio… Eu vejo arte nisso! E eu vejo uma banda muito original. De todas as bandas que ouvi em toda a minha vida, são muito poucas as que colocam tudo em um só lugar. É impossível não se apaixonar por esse disco”.
Capa e encarte são um primor a parte. Levam assinatura de Juh Leidl, artista plástica graduada pela Unicamp e com exposições já realizadas em galerias dos EUA e Itália. A relevância cultural sempre importou mais ao Maestrick frente a mercadológica.
Mas quando se consegue alinhar arte de características subjetivas com o incentivo econômico proveniente do mercado, certamente tem-se a melhor configuração.
Pois foi com “Espresso Della Vita: Solare” que o Maestrick firmou um contrato de cinco anos com a gigante Marquee/Avalon, a
maior gravadora japonesa do segmento e uma das maiores do mundo.
Lançado prioritariamente no Japão, “Espresso Della Vita: Solare” logo estava nas páginas da renomada revista BURRN, que avaliou o álbum com nota 86/100.
A turnê de “Espresso Della Vita: Solare” teve início com dois shows em São José do Rio Preto/SP e logo em seguida estendeu-se para a Europa.
O grupo visitou Suíça, Itália, Polônia e República Tcheca onde fizeram nove shows.